Opinião: O arquivamento da investigação de André Valadão: Justiça ou Impunidade?
Por: Matheus Montserrat.
O pastor André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, conquistou uma vitória judicial após o Ministério Público Federal (MPF) arquivar a investigação sobre suas declarações nas redes sociais e pregações em junho de 2023. O caso envolvia alegações de incitação à discriminação contra a comunidade LGBTQIAP+, após o pastor compartilhar interpretações bíblicas durante o “mês do orgulho” e expressar sua visão tradicional sobre a sexualidade e o pecado. O MPF alegou que suas falas estavam protegidas pela liberdade religiosa e de expressão, princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito.

No entanto, mesmo que a ideologia religiosa seja uma prerrogativa importante, é impossível ignorar que palavras e atitudes de incitação ao ódio sejam aceitas. Utilizar a religião como escudo para propagar discurso homofóbico não pode ser desculpado. O fato de um líder religioso ter dito, em um culto, que se pudesse “Deus mataria” a população LGBTQIA+ e incitado seus fiéis a agirem com violência em nome de suas crenças é extremamente revoltante. Ele ainda afirmou: “Aí Deus fala: ‘não posso mais, já meti esse arco-íris aí, se eu pudesse eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi pra mim mesmo que não posso, então agora tá com vocês’.”
Essas falas não apenas incentivam o ódio, mas também vão contra princípios básicos de respeito à dignidade humana. A impunidade diante de atitudes tão destrutivas e nojentas é um reflexo da gravidade de permitir que discursos de ódio se escondam atrás da religião. Não podemos normalizar esse tipo de comportamento, especialmente quando vem de figuras públicas e líderes religiosos que têm o poder de influenciar muitas pessoas. O respeito à liberdade religiosa não pode ser confundido com a permissão para disseminar violência ou preconceito. E ai, qual sua opinião sobre o assunto?