Novelas Brasileiras perdem força no mercado global e ficam fora do Emmy
Por: Matheus Montserrat
A 52ª edição do Emmy Internacional, marcada para o dia 25 em Nova York, destaca uma triste realidade para a dramaturgia brasileira: o declínio do protagonismo das novelas nacionais na premiação. O Brasil, que já foi uma potência nesse segmento e conquistou sete estatuetas na categoria de Melhor Novela, não conta com nenhum representante nesta edição.
A última vitória brasileira foi em 2020, com Órfãos da Terra, da TV Globo. Desde então, o cenário mudou drasticamente. Produções turcas, coreanas e chinesas passaram a dominar a categoria, conquistando público e crítica com histórias inovadoras e altos padrões de produção. Enquanto isso, o Brasil, outrora um dos favoritos, se distanciou do topo.
Essa ausência reflete não apenas uma perda de reconhecimento, mas também um impacto econômico e cultural. Prêmios como o Emmy Internacional valorizam a dramaturgia brasileira em termos globais, impulsionando vendas de conteúdo e consolidando a imagem do país como referência na criação de histórias.
Nos últimos anos, as novelas brasileiras parecem ter perdido um pouco da sua essência de contar histórias genuinamente brasileiras, com tramas que falam diretamente ao público e refletem a diversidade cultural do país. Com a influência do formato de streaming, a TV tem tentado adaptar suas novelas para um estilo mais “globalizado”, com narrativas mais rápidas e voltadas para um público que consome conteúdo em plataformas digitais. No entanto, essa mudança nem sempre funciona para a TV aberta, onde o público é distinto e busca, muitas vezes, a conexão com histórias que, mesmo sendo clichês, têm o poder de emocionar e entreter de maneira simples e direta.
As tramas previsíveis, com personagens típicos e situações familiares, ainda desempenham um papel importante em atrair e manter a audiência que valoriza a tradição da novela como um espaço de aconchego e diversão. Às vezes, é justamente nesse “moldar-se ao clichê” que as novelas reencontram a sua função: contar histórias que falam ao coração do público brasileiro.
O momento, embora desafiador, exige reflexão e renovação. Apostar em talentos como Glória Perez, Walcyr Carrasco, Manuela Dias, Aguinaldo Silva, Duca Rachid e Thelma Guedes pode ser a chave para retomar o caminho das grandes conquistas. Com histórias que combinem a tradição da telenovela brasileira com a inovação necessária para competir no mercado global, talvez seja possível recuperar o brilho perdido.
O Emmy deste ano reforça o quanto o Brasil precisa voltar a investir na força criativa e contar histórias que o público realmente queira ver. Enquanto isso, resta ao público e à indústria manter viva a esperança de um retorno triunfal nos próximos anos.